Uma publicação de Nonato nas redes sociais pegou os torcedores do Fluminense de surpresa. Afinal, apesar de o cenário estar mudando, ainda não é comum ver jogadores se posicionando abertamente sobre temas sociais. Em texto, o volante de 23 anos comparou a homofobia com o racismo ao dizer que “também já foi só opinião um dia” e disse que se “assusta como a sociedade gosta de atacar o seu próximo pelo simples fato de ser diferente.”
Mas quem o acompanha de perto não se surpreende. Falar sobre causas sociais, sobretudo LGBTQIAP+, é algo que Nonato aprendeu dentro de casa e após uma situação familiar. Um dos primos do volante é homossexual e teve dificuldades para assumir publicamente.
O enfrentamento ao preconceito tinha como escudo a mãe de Nonato, Dona Gerceley, que deu o apoio necessário em uma época onde falar sobre homossexualidade era um tabu. Já o pai, Walter, educou o futuro jogador sobre o tema usando o ditado: as pessoas que mais sofrem são as que mais precisam de atenção.
Outra influência na vida do atleta foi a de sua irmã, Tuty Nonato, que trabalha como atriz e dubladora, que desde cedo conviveu com pessoas LGBTQIAP+ e se tornou quase uma tutora do volante. Por muitas vezes era ela quem brigava e puxava a orelha de Nonato.
A sua namorada, Bianca Kichel, também é engajada com a causa. Antes de se posicionar ou comentar algo, é ela quem orienta o volante e serve de apoio para estudar antes de falar.
Internamente, pessoas próximas a Nonato tanto no Internacional quanto no Fluminense são enfáticas ao traçar o seu perfil: é um volante estudioso, dedicado e “bom de cabeça”. Não tem envolvimento com bebida ou baladas, e apesar de ter um estilo mais calado, sempre soube conversar sobre os mais diversos assuntos.
Nonato é jogador do Fluminense até o fim de 2022 por empréstimo junto ao Internacional. No contrato, foi fixada uma opção de compra de 50% dos direitos econômicos do volante por US$ 2,5 milhões de dólares (R$ 12,8 milhões na cotação atual). Em caso de o Internacional receber uma proposta pelo jogador durante o período de empréstimo, o tricolor terá o direito de cobrir a oferta.
Se o Fluminense não cobrir a proposta e perder Nonato durante o período, o clube terá direito a 10% do valor da venda como taxa de vitrine. No final do vínculo, caso a opção de compra não seja exercida pelos cariocas, o Flu manterá a taxa de vitrine de 10% na primeira janela após o empréstimo.