No fim de janeiro deste ano, a análise produzida pelo GLOBO sobre como Palmeiras e Santos sofriam gols apontou que o clube da Vila Belmiro sofria muito com a bola aérea. Dito e feito: já nos acréscimos da partida, Breno Lopes aproveitou um cruzamento para subir mais que o lateral Pará e marcar o gol do título alviverde. Em 2019, o raio-X publicado antes da final entre Flamengo e River Plate constatava que o clube argentino sofria a maioria de seus gols nos minutos finais. Gabigol marcou duas vezes justamente perto do fim e garantiu a festa rubro-negra.
Na análise dos finalistas deste ano, fica claro que a decisão é muito mais equilibrada defensivamente do que as anteriores. Foram contabilizados todos os gols sofridos pelo Palmeiras de Abel Ferreira na temporada inteira, enquanto no Flamengo foi levado em conta o período em que Renato Gaúcho assumiu como treinador rubro-negro.
O alviverde paulista costuma sofrer mais gols quando está empatando: foram 34. Quando o time de Abel Ferreira está ganhando, cai para 22 e, por fim, em momentos de derrota, 11.
O técnico português sofrerá hoje com a ausência do lateral direito Marcos Rocha, suspenso com três cartões amarelos. Um problema e tanto, pois o local em que mais saem as assistências para os gols sofridos pelo Palmeiras é o setor intermediário esquerdo do campo.
O atual campeão da Libertadores permite o maior número de finalizações pelo lado direito de sua grande área. Ao todo, 25 gols foram sofridos naquela região do campo.
Importância de Melo
A etapa final costuma ser problemática para o Palmeiras. O time sofreu, nesta temporada, 12 gols em cada um dos três terços do segundo tempo. O River Plate de Marcelo Gallardo, em 2019, sabe o quanto custa caro ter desatenção diante do Flamengo na reta final de uma partida.
Este é um ponto em que o retorno de Felipe Melo pode ajudar. O técnico Abel Ferreira fez elogios ao volante que, ontem, garantiu, durante coletiva de imprensa, que vai estar em campo na final.
— O Felipe demonstra o espírito dos nossos jogadores. Ele é importante quando joga, quando está fora. Ele tem esta aura de títulos, e nos empresta esta experiência. Só digo a ele que se prepare, que amanhã (hoje) vai jogar — declarou Abel.
Se a bola aérea deu o título ao Palmeiras na Libertadores de 2020, é melhor Renato Gaúcho se preocupar. O raio-X do GLOBO mostra que é pelo alto que a defesa do Flamengo costuma ter problemas. Foram dez gols sofridos desta forma.
O rubro-negro carioca não pode baixar a retaguarda no fim da etapa inicial. A principal quantidade de gols sofridos sob o comando de Renato Gaúcho acontece no último terço do primeiro tempo, dos 31 aos 45 minutos. Dos 30 gols tomados ao longo da temporada com o técnico, nove foram neste período de tempo: aproximadamente 30%.
Já Diego Alves precisa ficar atento aos chutes no seu canto inferior esquerdo — dez gols sofridos pelo Flamengo nesta temporada entraram por ali.
A vantagem no placar costuma ser perigosa para o rubro-negro. Metade dos gols levados pelo time sob o comando de Renato Gaúcho aconteceu quando o Flamengo estava à frente na partida. Renato avisou que está com o alerta ligado para a final de hoje:
— Ficamos mais expostos na nossa forma de jogar. Mas foram equipes diferentes. Apesar desses números, vencemos o Inter e empatarmos com o Grêmio. Jogamos para frente. Na década de 80 o Flamengo fazia muitos gols e levava também. Nós temos os cuidados defensivos, treinamos para não dar chances. O mais importante é que criamos muitos e temos feitos os gols. Em uma decisão, temos que dar menos chances possível.
Já nos números ofensivos, existem algumas curiosidades, principalmente em seus minutos iniciais. Por exemplo: nos 12 jogos da Copa Libertadores até aqui, o rubro-negro carioca marcou gol na primeira meia hora da partida em oito oportunidades. O Palmeiras, por outro lado, foi às redes cinco vezes até os 30 minutos do primeiro tempo.
O rubro-negro é mais efetivo também no segundo tempo, quando marcou 52% dos gols com Renato Gaúcho. O Palmeiras fica um pouco abaixo: fez 46,23% dos seus gols depois do intervalo. Os dois times conseguiram balançar a rede em dez oportunidades nos acréscimos.
Equlíbrio nos números
Quando o Flamengo abre 1 a 0, em 2021, ele amplia o placar em 46,38% das partidas — o que é explicado nas goleadas iniciais —, toma o empate em 10,14% e permanece com o 1 a 0 nas demais. O Palmeiras chega ao segundo gol em 26,87% das oportunidades e leva o empate em 19,40% das vezes.
No mata-mata da Libertadores, o rubro-negro conseguiu abrir o placar no primeiro tempo seis vezes, e o alviverde em três jogos. Nas 23 vezes em que abriu 2 a 0 nesta temporada, o Flamengo fez o terceiro 17 vezes, mas relaxou e tomou o gol em outras seis vezes. Já o Palmeiras abriu 2 a 0 em 12 oportunidades, fez o terceiro em nove vezes e levou o empate em três.
O rubro-negro goleou 17 vezes em 2021. O alviverde venceu por ao menos três gols de diferença em oito oportunidades. Flamengo e Palmeiras têm uma estatística em comum: ambos conseguiram quatro viradas nesta temporada.
Ainda há um número curioso que reitera o equilíbrio do confronto. Os dois clubes já se enfrentaram em seis jogos de mata-mata e dividem o saldo de vitórias: três para cada. A ocasião mais recente foi em abril deste ano, na final da Supercopa do Brasil, no Mané Garrincha, com empate no tempo normal, e conquista rubro-negra nos pênaltis.