No dia 4 de julho de 2012, o Corinthians venceu o Boca Juniors por 2 a 0, no Pacaembu, e conquistou a Libertadores pela primeira vez na história. A façanha completa 10 anos nesta segunda-feira, 4, coincidentemente na véspera de um reencontro entre as equipes, pela mesma competição, mas desta vez nas oitavas de final. Depois de empate por 0 a 0 na ida, na Neo Química Arena, o Timão viaja para La Bombonera e, na próxima terça-feira, 5, precisa superar o drama para seguir na briga pelo segundo título continental.
Diferente do encontro de 2012, quando o Corinthians decidiu em casa após empatar a ida, em 1 a 1, com gol histórico de Romarinho, o duelo desta vez será definido na Argentina. Para seguir vivo, o time de Vitor Pereira precisa superar desfalques e a escrita de nunca ter vencido na Bombonera. Em cinco confrontos na história com mando argentino, o Boca venceu três e houve dois empates: na final que completa uma década e na fase de grupos deste ano. Um novo jogo sem vencedor leva a decisão para os pênaltis.
Pelo menos, para a escalação, há otimismo. O lateral Rafael Ramos, o zagueiro Gil e os meias Du Queiroz, Renato Augusto e Willian realizaram testes na última semana e podem ser relacionados para enfrentar o Boca. Entretanto, Fagner, Maycon e Gustavo Mosquito, nomes que poderiam ser importantes, não devem jogar por questões físicas.
Eliminação representaria perda milionária
Vindo de uma goleada por 4 a 0 sofrida para o Fluminense no Brasileiro, com um time reserva, o Timão pode ver, mais uma vez, a pressão escalar caso não haja sucesso na Libertadores. Além disso, uma eliminação precoce representaria um importante desfalque financeiro para um clube que conta com jogadores de renome e caros.
Até então, o Corinthians acumulou 4 milhões de dólares ganhos na campanha, equivalente a 21,5 milhões de reais. O número, que parece relevante, pode ser baixo, comparado ao potencial de arrecadação na Libertadores. Só de chegar às quartas de final, são mais 8 milhões de reais na conta. Uma ida à semi garante um adicional de 10,6 milhões.
Caso o time dispute a final, já são mais 32 milhões de reais garantidos. Com o título, 85 milhões de reais são adicionados. O que, somando todas as fases, ultrapassa 122 milhões de reais. O valor multimilionário seria um forte aliado nas contas alvinegras.
Entre os que entraram em campo e saíram campeões em 2012, apenas o goleiro Cássio e o lateral Fábio Santos ainda jogam no Corinthians. Alessandro, capitão daquela equipe, é diretor de futebol do clube, e Alex, meia titular da campanha, trabalha na comissão técnica. Danilo é outro que segue no clube, mas como treinador da categoria sub-20.
Rivais da última década, os jogos entre Corinthians e Boca nesta Libertadores foram marcados por manifestações preconceituosas vindas da torcida argentina. Nos três encontros, dois no Brasil e um na Argentina, atos racistas foram identificados entre os apoiadores do time de Buenos Aires. A ida das oitavas de final ainda contou com pedras atiradas no ônibus argentino e uma saudação nazista por parte de um torcedor do Boca.
As punições brandas da Conmebol frente às atitudes discriminatórias, que se resumiram a multas contra o time argentino, fazem o jogo da próxima terça-feira ganhar contornos ainda mais tensos. A acanhada Bombonera estará lotada e com clima hostil para o Corinthians. Em 2015, nas oitavas de final, o Boca Juniors chegou a ser eliminado da competição por ataque de gás a jogadores do River Plate em seu estádio.