O presidente da França, Emmanuel Macron, iniciou nesta segunda-feira (15) a contagem regressiva de cem dias para o início dos Jogos Olímpicos de Paris, com um discurso para tranquilizar a opinião pública sobre as medidas de segurança para a cerimônia de abertura e mencionando, pela primeira vez, planos alternativos para o caso de uma ameaça terrorista.
"A cerimônia de abertura", prevista para o rio Sena em 26 de julho, "é algo inédito do mundo". "Podemos fazer isso e vamos fazer", declarou o chefe de Estado em uma entrevista à BFMTV e à emissora de rádio RMC.
Porém "há planos B e inclusive planos C, que preparamos de maneira paralela", acrescentou Macron, que já havia mencionado a análise de alternativas em outras entrevistas.
"Estamos preparando uma cerimônia que se limitaria, por exemplo, ao Trocadero", uma área que fica diante do rio e da torre Eiffel, explicou o presidente francês, que também citou a possibilidade de uma cerimônia no Stade de France, "porque é o que se faz tradicionalmente".
Emmanuel Macron tentou tranquilizar a opinião pública sobre o dispositivo de segurança previsto para a cerimônia no rio. "Estamos estabelecendo um grande perímetro de segurança, vamos fazer a triagem de todas as pessoas que entram e saem", insistiu.
A capacidade de espectadores na cerimônia de abertura, no entanto, foi reduzida. O número de pessoas que poderão acompanhar o evento gratuitamente passou de 500 mil para 222 mil. Com as pessoas que serão autorizadas a comparecer às docas do Sena, após pagamento de ingresso, o total será de 320 mil espectadores.
"Trégua olímpica"
Segundo uma pesquisa do instituto Ipsos publicada pelo jornal La Tribune Dimanche, apenas 53% dos franceses afirmam que estão "interessados" pelos Jogos Olímpicos. E muitos entrevistados estão "preocupados" com a capacidade da França de garantir o bom desenvolvimento do evento.
A três meses do início dos Jogos Olímpicos, que terá a cerimônia de encerramento em 11 de agosto, o presidente francês também destacou os benefícios diplomáticos das Olimpíadas, em um cenário geopolítico abalado pelos conflitos na Ucrânia e na Faixa de Gaza.
A França "fará todo o possível para que aconteça uma trégua olímpica", declarou Macron, que prometeu trabalhar na tarefa com o presidente da China, Xi Jinping, que visitará Paris dentro de algumas semanas.
Em novembro, a Assembleia Geral da ONU (Organização das Nações Unidas) pediu a todos os países do mundo que respeitem a tradicional "trégua olímpica" durante os Jogos de Paris-2024.
O presidente francês aproveitou a oportunidade para expressar sua "confiança" nos sindicatos, no momento em que várias associações ameaçam iniciar uma greve durante os Jogos. "Eles têm espírito de responsabilidade, estarão ao nosso lado", disse.
Macron visitou nesta segunda-feira (15) o Grand Palais, uma das joias do modernismo francês, que está em reforma desde 2021 e receberá as competições olímpicas e paralímpicas de esgrima e taekwondo sob a sua imponente estrutura de ferro e vidro.
"O mundo inteiro se reencontrará com o Grand Palais e poderá redescobri-lo", afirmou, diante dos operários. A entrega das chaves ao comitê organizador dos Jogos está programada para sexta-feira (19).
A presidência francesa explicou que a obra exigiu um orçamento de 500 milhões de euros (R$ 2,725 bilhões) para a reforma da grande nave central, assim como das galerias, do exterior e do adjacente "Palais de la découverte", que abriga um museu e centro cultural científico.
A reforma completa do Grand Palais, construído para a Exposição Universal de 1900, deve ser concluída no primeiro semestre de 2025.